Ano novo, primeiro post do ano... 7 dias atrasado.
No final do mês passado pensei em escrever um post sobre "insatisfação musical crônica", mas acabei ficando com preguiça e não escrevi nada. O problema era que nenhuma música parecia me agradar, numa seleção de 15 músicas eu gostava de uma ou duas. Estava no fundo poço e (oh não!) comecei até a escutar rádio convencional.
Felizmente, encontrei a salvação. Eu abri a caixa de Pandora.
No passado eu já tinha achado as rádios personalizadas da last.fm incríveis. Elas eram razoavelmente boas e coerentes - certamente melhores do que uma seleção de músicas que eu fizesse manualmente. Mas ainda assim, não eram boas o suficiente. Faltava algo.
O banco de dados do Audioscrobbler (o que fica por trás da last.fm) provê as bases para um ótimo trabalho estatístico. Com seus dados, pode-se relacionar muito bem artistas e músicas no sentido de que "quem escuta isso, também escuta isso" e coisas assim. Porém essa metodologia estatística não cobre algumas pecualiaridades do mundo da música. Uma pessoa pode gostar de todas as músicas da moda, mas isso não quer dizer que essas músicas tenham algo em comum entre si. Ou ainda, uma pessoa pode gostar de um artista em particular, mas isso não quer dizer que as músicas deste artista todas se pareçam entre si. Isso faz com que as recomendações e sugestões do last.fm pareçam são superficiais, apesar de corretas.
Eu sentia falta de recomendações automatizadas que fossem mais "orgânicas". Antigamente, costumava usar bastante um aplicativo, o Moodlogic. Ele também servia ao propósito de sugerir músicas e também servia pra organizar as músicas em seu computador, mas ele não possuia o serviço de rádio. Em 2002-2003 essas coisas não eram tão comuns assim. Seu grande ponto positivo era que as músicas eram classificadas pelos usuários em critérios como "agressivas", "românticas" ou "sombrias". Com isso, eles conseguiam criar relações entre músicas que eram muito mais profundas e sugerir seleções de músicas que realmente eram boas. Infelizmente, o desenvolvimento da aplicação parou por volta de 2003. Ele funciona até hoje e eu ainda o utilizo às vezes para transferir músicas para meu mp3 player, apesar de antigo, ainda acho que vale a pena dar uma olhada.
Um projeto bastante interessante é o Projeto Genoma Musical. Ele é baseado na idéia de quebrar as músicas em várias características específicas, como se fossem gens. A idéia é bastante interessante e é nesse banco de dados que é baseada a rádio Pandora. Nela, você especifica uma música ou artista e é gerada rádio personalizada que tocará uma seleção de coisas que se parecem com aquilo. Você pode guiar o algoritmo de seleção, informando se aquela música específica foi boa ou ruim ou ainda se você simplesmente está enjoado dela e quer que ela só toque de novo daqui um mês. Tudo isso é feito de dentro do seu browser, sem instalação de nenhum programa, e seu profile fica acessível de qualquer lugar. Funciona impressionantemente bem, ainda mais depois do tempo inicial de aprendizado do sistema (sim, ele vai aprendendo e melhorando ao longo do tempo).
Como a cereja no topo do sundae, existe uma extensão pro Firefox que faz com que as músicas tocadas na rádio Pandora sejam submetidas para o banco de dados do Audioscrobbler. Então, apesar de estar escutando a rádio Pandora você tem todas as estatísticas da last.fm disponíveis e acaba por contribuir também com a qualidade dos relacionamentos feitos pelo site.
Com isso, minha "insatisfação musical crônica" foi curada.